São Paulo - O mercado de crédito imobiliário com recursos da caderneta de poupança cresceu 42% durante o ano de 2011, com o volume de R$ 79,9 bilhões em financiamentos para a compra e construção de imóveis. Os dados são da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), que projeta para 2012 uma expansão entre 30% e 35%, para R$ 103,9 bilhões, com potencial de elevar ainda mais, já que a participação no Produto Interno Bruto (PIB) está em apenas 4,7%. Fontes de recurso complementares à poupança continuam em estudo pelo mercado, diz a Abecip, com previsão de regulamentação para este ano.
O atual presidente da associação, Octavio de Lazari Júnior, empossado em 8 de dezembro de 2011, credita o crescimento ao cenário macroeconômico brasileiro, com baixos índices de desemprego e ascensão da renda. "Os indicadores levam a crer que haverá um crescimento maior da participação do crédito imobiliário no PIB, que ainda é pequeno". O executivo também é diretor da área de empréstimos e financiamentos do Bradesco.
Enquanto o Brasil tem 4,7% do PIB nos empréstimos habitacionais, a relação na China chega a 11%, no Chile em 19%, na Alemanha fica 48% e na Holanda a participação fica em 106%.
Questionado sobre o número ter sido inferior ao projetado em setembro do ano passado, de R$ 85 bilhões, Lazari diz que o principal problema foi a falta de mão de obra qualificada na construção civil. "Alguns empreendimentos atrasaram e empurraram para 2012. Mas é importante crescer passo a passo, e foi sadio para o setor.”
Outro ponto levantado pelo presidente da Abecip diz respeito à expansão sustentável do setor que deve ocorrer este ano. "Vai crescer um pouco menos em 2012, porque existe uma preocupação. As construtoras vão procurar cuidar da grade de custos, lançamentos de imóveis mais rentáveis e com valor agregado, com foco em bons resultados. O volume será menor porque as empresas olharão para si mesmas para obter um melhor resultado em 2012". No último ano, foram financiadas 493 mil unidades, o que corresponde a um acréscimo de 17% ante 2010.
Apesar da preocupação com a expansão de forma sustentável, a principal fonte de recursos financeiros para o mercado de crédito imobiliário, a poupança, não apresenta números que acompanham este crescimento. O saldo da caderneta de poupança no último ano chegou a R$ 330,6 bilhões em dezembro, alta de 10% na comparação com o mesmo período de 2010, que ficou em R$ 299,9 bilhões. Entretanto, a captação líquida totalizou R$ 9,4 bilhões, queda de 68,14% ante 2010, quando somou R$ 29,5 bilhões.
Segundo o presidente da Abecip, o prazo para que funding comece a fazer falta continua a ser o final de 2013, mas a associação, junto com as instituições financeiras e com o governo, já analisa ferramentas complementares, como Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e covered bonds. "Já estamos trabalhando. O covered bond já está evoluído e há outros mecanismos complementares. Deve sair ainda este ano uma regulamentação para que as instituições comecem a atuar.”
Lazari ainda acrescenta que os títulos possuem atratividade para o investidor no sentido de ter garantias do banco e do imóvel. "Ainda está em discussão qual seria o indexador desses papéis.”
Do total de 493 mil imóveis financiados, 65% são usados, e 35%, novos. O LTV médio, que corresponde ao volume que é financiado, chega 63%, com valor médio de R$ 162 mil. Já os empreendimentos financiados com o crédito imobiliário atingiram 1,6 mil no último ano.
Inadimplência
O índice de inadimplência (mais de três prestações em atraso) dos financiamentos imobiliários estabilizou-se em 2% em 2011. Em contratos com alienação fiduciária, nos quais é garantida a transferência do imóvel ao credor em caso de calote, a inadimplência é menor, em 1,4%. "O crédito imobiliário é o primeiro a ser pago em uma escala de prioridades", explicou o presidente da Abecip ao ser questionado se o baixo índice está ligado à garantia do imóvel.
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CRÉDITO IMOBILIÁRIO DEVE ATINGIR R$ 103,9 BI EM 2012
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