SÃO PAULO – A medida do governo anunciada na última quinta-feira (31), que zera a alíquota de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para investidores estrangeiros, pode também impactar os investidores brasileiros que compram cotas e fundos imobiliários. Na opinião de especialistas, o principal impacto será na liquidez desses fundos, que deve melhorar com a entrada de investidores internacionais.
“Quanto mais participantes tivermos no mercado, mais a liquidez aumenta”, ressaltou o presidente do comitê de Produtos Imobiliários da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), Reinaldo Lacerda.
O executivo lembra que o investidor pessoa física é o grande responsável pela movimentação dos fundos imobiliários no mercado secundário, diferente do mercado de ações, onde o pequeno investidor é o terceiro que mais movimenta - atrás de estrangeiros e institucionais. “O principal motivo é a isenção de Imposto de Renda sobre os rendimentos [dos FIIs] para a pessoa física”, disse.
Segundo ele, com a retirada do IOF para os estrangeiros, esse mercado também fica mais atrativo para os investidores de fora. “Os estrangeiros representam 30% do volume negociado de ações. E o que eles proporcionam? Liquidez”, aponta. “Então, a entrada desses investidores vai melhorar ainda mais a liquidez”, continuou Lacerda.
Coincidência ou não, um dos fundos mais líquidos negociados atualmente, o BB Progressivo II, (BBPO11), registrou liquidez bem acima da média no dia do anúncio do governo, de R$ 28,5 milhões. Nos últimos 5 dias, o mesmo fundo tinha movimentado cerca de R$ 7,5 milhões diariamente. Outro fundo bastante líquido registrou forte aumento no volume de negócios. O BTG Pactual Corporate Office, conhecido como BC Fund (BRCR11), negociou um volume médio de R$ 2 a R$ 4 milhões por dia na última semana. Na quinta-feira, o volume foi de R$ 8,9 milhões.
Já o analista-chefe da corretora Souza Barros, Clodoir Vieira, acha que a redução do IOF de 6% para zero para os investidores estrangeiros não deve trazer tanta liquidez assim, já que o perfil de investidores desses fundos é diferente de quem investe em ações. “O investidor que compra cotas dos fundos imobiliários não costuma ficar entrando e saindo. Ele compra pensando no longo prazo, de olho no yield (rendimento) que aquele fundo pode proporcionar. Não é um especulador”, diz.
Aumento de liquidez nos últimos anosMesmo antes da medida que isenta o estrangeiro de IOF, o volume de negócios dos fundos imobiliários tem registrado um aumento significativo. De acordo com dados da consultoria Economatica, o volume financeiro médio diário dos fundos imobiliários atingiu o seu maior patamar no mês de janeiro de 2013 com R$ 26,95 milhões negociados.
Parte deste aumento pode ser creditada a popularização que o mercado de fundos imobiliários sofreu, especialmente no ano passado. Ofertas como a do BB Progressivo II, fundo que investe em agências do Banco do Brasil, tiveram um grande esforço de distribuição na rede de varejo do banco e atraíram mais investidores para este mercado. Ainda segundo a Economática, atualmente existem 105 FIIs registrados na bolsa, dos quais
98 tiveram pelo menos um negocio nos últimos 12 meses. Como base de comparação, em janeiro de 2003, o mercado contava com apenas dois fundos imobiliários negociados na bolsa.
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