Alta de preços leva mercado a fomentar nova modalidade de negócio e, nesse sentido, compra parcelada ocorre com proprietário e sem bancos
A alta nos preços dos imóveis levou o mercado a fomentar uma modalidade diferenciada de compra e venda de casas e apartamentos: a negociação direta com o proprietário, com pagamento em prestações de médio e longo prazos. Sem a intermediação dos bancos, os juros tendem a ser mais baixos do que a média e, com a possibilidade de parcelamento em até cinco anos, as transações despertam atenção.
Em seu estabelecimento, as vendas parceladas negociadas diretamente com o proprietário começaram a crescer em dezembro do ano passado.
Coordenador de Novos Empreendedores do Sindicato da Habitação (Secovi) em Bauru, Bruno Pegorin explica que os apartamentos e residências acima de R$ 200 mil são os que mais se enquadram nesta modalidade. E os compradores – sejam eles investidores ou compradores interessados em morar no imóvel – geralmente, possuem maior poder aquisitivo.
Isso ocorre porque o parcelamento direto, quase sempre, não ultrapassa as 60 prestações. Considerando um imóvel de preço mínimo de R$ 200 mil, sem entrada, o custo mensal para a aquisição seria de R$ 3,3 mil, sem considerar os juros.
“A pessoa precisa ter algum dinheiro em caixa para poder bancar. Não é uma realidade que se insere, por exemplo, nos imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida”, pondera.
Para quem compra, Pegorin lista algumas vantagens. Entre elas, está o juro equivalente ou menor do que o dos financiamentos firmados junto a instituições bancárias, já que os prazos de pagamento são mais reduzidos, bem como o baixo risco de inadimplência (leia mais abaixo).
Comprovações
Segundo o coordenador do Secovi, quando o imóvel ainda está em construção, as taxas costumam acompanhar o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), que referencia o reajuste anual de aluguel. Se a obra já estiver concluída, o juro médio é de 1% ao mês mais o IGP-M.
“Quando falamos de imóveis prontos (que não sejam recém-construídos), o índice é o da poupança até 1% ao mês. Mas há casos em que o vendedor parcela sem juros, quando parcela em um número de prestações menor”, detalha.
Outra vantagem refere aos trâmites burocráticos. Como o risco de inadimplência é quase zero, já que o imóvel só é transferido para o nome do novo proprietário quando ele quita a última parcela, não há análise de crédito ou necessidade de comprovações de renda, entre outras exigências.
“Como a pessoa que irá conceder o parcelamento é o próprio dono do imóvel, também não há necessidade de visita técnica de engenheiro para análise do bem. É tudo muito mais simples”, completa.
Para quem vende, além de correr pouco risco de não receber o dinheiro, está a chance de receber parcelas com juros acima do que garantem muitas aplicações financeiras.
“Portanto, ele faz um negócio mais interessante do que receber à vista e investir no banco”, frisa.
Em 60 vezes
O parcelamento direto com o proprietário pode ser efetuado em até 60 vezes, mas, normalmente, há exigência de pagamento de cerca de 30% entrada ou recebimento de imóvel de menor valor em troca. Nestas condições, na imobiliária onde trabalha o corretor de imóveis Antonio Jarussi, há possibilidade de parcelamento em até 40 vezes. “A procura é grande e a maioria compra para morar no imóvel. Geralmente, são famílias que querem se mudar para condomínios fechados e usam o imóvel onde moram atualmente como permuta. Mas também há um grande número de investidores que compram para fazer novos negócios”, comenta. Entre as residências comercializadas por Jarussi, está uma ampla casa localizada no Jardim Estoril, que conta com suíte climatizada e garagem para quatro carros. O valor total, de R$ 800 mil, pode ser parcelado em até 40 vezes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui o seu comentário. Agradeçemos a sua visita