O DESAFIO DE COMPETIR NO MERCADO IMOBILIÁRIO GLOBAL

Em recente evento imobiliário realizado na cidade de São Paulo, cujo objetivo era apresentar e vender oportunidades de negócios nos Estados Unidos, tive a oportunidade de conhecer alguns empreendimentos interessantes, mais especificamente ofertados no estado da Flórida. A programação era extensa, desde palestras sobre como investir, políticas tributárias e expectativas de valorização, até a exposição dos próprios produtos, como casas em condomínios localizados em Orlando e apartamentos em Miami.
Depois de percorrer os estandes e ouvir alguns speakers, algumas questões chamaram-me a atenção, em especial o fato de que a globalização, uma realidade há tempos vivenciada pela indústria de transformação e o fluxo de capitais, consolida-se também no mercado imobiliário. Há pouco tempo, pensar em investir em Miami ou Orlando era só para uma classe mais rica da população do Brasil e de outros países. Não só pelos valores mas também pela distância e a própria burocracia jurídica e financeira, que afastava potenciais interessados.
Esses obstáculos não existem mais. Há importantes progressos. Além de a logística estar extremamente facilitada pelo avanço do setor aéreo, presenciei, no evento, discursos de vários profissionais especializados em produzir a documentação necessária, registros, recolhimento de tributos e taxas. Tudo muito simples e sem grandes custos. Claro que tal facilidade é também resultante da menor burocracia existente nos Estados Unidos e em numerosas outras nações, se compararmos com a nossa famigerada burrocracia brasileira.

O porte dos empreendimentos também me impressionou. Chamaram-me a atenção, no tocante a Miami, três produtos ofertados: Biscayne Beach, Aria on the Bay e Edge on Brickell.  São edifícios com cerca de 50 andares, arquitetura imponente e com valores gerais de vendas de causar inveja. Apartamentos eram oferecidos a partir de US$ 350 mil, para um dormitório. Já se nota que Miami está sob um processo de revitalização urbana, adotando o conceito do maior adensamento.  Os três projetos, que consumirão pouca área de terreno, abrigarão mais de 2.500 moradores.
Em Orlando, tratava-se de casas em condomínios fechados, com parques aquáticos, campos de golfe e perto da Disney e da Universal. Eram propriedades de três, quatro e cinco dormitórios, com arquitetura charmosa, inseridas num contexto condominial paisagístico primoroso. Os preços também eram sedutores.  Casas de quatro dormitórios, com cerca de 300 metros quadrados, por US$ 450 mil, com pagamento de 50% até as chaves e o saldo financiado em 30 anos.
mercado imobiliário avança na globalização. O Brasil pode aproveitar de modo muito mais amplo essas oportunidades, atraindo investimentos estrangeiros e, principalmente, compradores de imóveis de todo o mundo. Para isso, contudo, precisamos vencer nossos gargalos, como a criminalidade, a insegurança jurídica, a precariedade da infraestrutura, a burocracia exagerada, os ônus e complexidades do sistema tributário e as contradições, prazos e dificuldades para o licenciamento ambiental dos projetos. As soluções estão ao nosso alcance, mas precisamos concretizá-las, para que nossas cidades, praias, montanhas e belas paisagens não percam oportunidades de investimentos para Mickey Mouse.
Por: Luiz Augusto Pereira de Almeida, diretor da Fiabci/Brasil, é também diretor de Marketing da Sobloco Construtora.

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